Jejum intermitente: mais do que emagrecer, ele pode prolongar a vida, aponta estudo

O jejum intermitente, amplamente conhecido por sua eficácia no emagrecimento, tem ganhado novo destaque na ciência. Estudos recentes mostram que, além de contribuir para a perda de peso, ele pode promover longevidade ao retardar o surgimento e ajudar na prevenção de doenças crônicas como diabetes tipo 2, doenças cardiovasculares e Alzheimer.

Segundo uma pesquisa publicada na revista Cell Metabolism, práticas como o jejum intermitente baseado em janelas de restrição alimentar contribuem para a redução da ingestão calórica, regulam o relógio biológico e ativam mecanismos celulares que estimulam a autofagia – processo de “autolimpeza” das células. Esses efeitos reduzem marcadores inflamatórios e aumentam a sensibilidade à insulina, fatores diretamente ligados ao envelhecimento saudável.

A Dra. Maíra Soliani, médica com PhD, especialista em Medicina Funcional e referência em saúde metabólica, reforça:

“O jejum, quando bem orientado, é mais do que uma estratégia para emagrecer. Ele é uma ferramenta de regeneração metabólica. Durante a janela sem alimentos, o corpo tem a chance de se reparar, equilibrar hormônios e ativar genes ligados à longevidade.”

Como o jejum intermitente funciona?

O jejum intermitente é um padrão alimentar que alterna períodos de jejum com períodos de alimentação e pode ser adaptado a diferentes estilos de dieta. As modalidades mais conhecidas — e adotadas até por celebridades como Hugh Jackman e Jennifer Aniston — são o 16:8 (16 horas de jejum e 8 horas de alimentação) e o 5:2 (alimentação normal em cinco dias da semana e restrição calórica severa em dois).

Durante o jejum, os níveis de insulina caem e o corpo passa a utilizar gordura como fonte de energia. Além disso, ocorre redução de radicais livres, melhora da função mitocondrial e uma resposta anti-inflamatória que pode beneficiar desde o cérebro até o intestino.

Intestino e jejum: uma dupla poderosa

Segundo Dra. Maíra, o jejum também exerce impacto direto no intestino — órgão-chave para a saúde metabólica.

“O intestino é responsável por grande parte da produção de neurotransmissores, hormônios e da nossa imunidade. Quando damos uma pausa no processo digestivo, permitimos que a mucosa intestinal se regenere e o microbioma floresça com mais equilíbrio. Em meio a tantos alimentos ultraprocessados, o jejum oferece uma pausa regenerativa para os danos causados à camada mais sensível do intestino.”

Cuidados e contraindicações

Apesar dos benefícios, o jejum não é indicado para todos. Pessoas com histórico de transtornos alimentares, gestantes, lactantes e crianças não devem adotar a prática. Diabéticos tipo 2 que fazem uso de insulina ou sulfonilureias, embora possam se beneficiar, só devem iniciar o jejum sob supervisão médica.

“Cada corpo tem uma história, e não existe protocolo universal. A individualização é o segredo para resultados duradouros e seguros”, ressalta a médica.

Além da balança: qualidade de vida

Estudos também indicam que o jejum intermitente pode melhorar o foco, o humor e o desempenho cognitivo. Isso ocorre porque a produção de corpos cetônicos — como o BHB — tem ação anti-inflamatória e favorece a produção de BDNF (brain-derived neurotrophic factor) e serotonina, neurotransmissores associados à memória e à regeneração neuronal. Por isso, a prática tem sido incluída em protocolos de prevenção de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.

“A longevidade com qualidade não depende de fórmula mágica. É o resultado de escolhas diárias — alimentação, sono, movimento e gestão do estresse. O jejum pode ser uma dessas escolhas, desde que feito com ciência e respeito ao corpo”, conclui Dra. Maíra Soliani.

Sarah Monteiro de Carvalho
994985286
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By Alimentação Ativa

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